Lia Vinícius
Numa enorme nau balançante
Que se esticava pelo asfalto
Existente entre os pólos
Do meu, por enquanto, mundo.
Declinava o dia
A tarde pousou nas minhas pálpebras
Postado confortavelmente naquele assento
Da janela era agora poesia
Escrita nas linhas do horizonte.
A poesia era mato verde
Era montanha, era nuvem, era vento
Era céu nublado de ansiedades
Que precedia uma tormenta
De águas impetuosas de saudades.
O pranto começou
As lágrimas em grandes porções
Embebiam a terra sedenta
E a poesia era sombria
Densa, nevoeiro de quimeras.
O chão ébrio estava farto
Da chuva de medos camuflados
De solidão e de águas
Da poesia molhada e fluida
Que verte da cachoeira da alma.
Choro e soluços cessaram
Serena noite se desenhava
Eu tinha chegado em mim
Trazia o espírito lavado de sonhos
A viagem seu fim.
Coração em silêncio pensava
No amanhecer de amanhã
Quando olhos azuis e radiantes
Acordariam do sono o dia
E a vida continuaria sua poesia.
José Carlos Porpino