BRINCANDO DE BONECA

Minha avó anunciou bem cedo, antes do café:
hoje chove. Meu joanete amanheceu doendo.
Quem choveu fui eu, horas depois,
sangrando aos nove anos de idade,
perna abaixo, como as galinhas,
que a Tata matava na porta da cozinha.
Pra gente comer depois,
com feijão, angu e quiabo.
Um jeito acanhado de me dizer
que virei moça.
Posso ser de um homem,
posso fazer um filho.
Perplexa, posso.

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