Não pertenço a nada e nem a ninguém.
Sou louca, desvairada, selvagem.
Quem pode — ou quer — conter o vento?
Ou o sussurro de Babalon...
Meu cabelo se me cai por sobre a cara
cobrindo olhos que vêem um mundo
com o qual não encontro relação.
Então construo.
Minhas mãos seguram imagens criadas
que se projetam contra um pano de fundo
e se fazem mais reais que o seu fundo.
Quadros em vermelho e negro e azul
onde as figuras são meros esboços
contra as cores do Infinito.
Estrelas rubras contra o verde
lançadas em gritos e sussurros
queimando à minha volta.
Versos que se moldam em palavras
corpos e espíritos
povoando o reino etéreo além dos dedos.
Nele governa a figura de um ser
enorme e escuro
que me deu seu Falo para que procrie.
Procriarei, meu amor. Para Ele
não para você...
E percebo, apesar do mundo que me cerca
o poder daquela Cruz que entrevejo
quando chamo alto por Therion
e na Rosa que a ela se entretece, rubra
como meu sangue pulsando forte.
Um dia vamos nos esquecer, você e eu
na montanha que me chama.
Sem elos deste lado do Abismo
seguirei, para me desfazer nas trevas
e de você vai restar apenas
as palavras loucas destes meus poemas.
Recrio então o mundo, meu amor
enquanto espero.
Dalva Agne Lynch