A quem mandar os versos que hoje escrevo?
Mandar a quem esta Mensagem fria?
Versos alegres? Tristes? Quem diria
hoje os fizesse, assim, sem grande enlevo.
Dedicá-los a quem?, pois que não devo
aos que se perdem dos festins da orgia;
estes versos são filhos da agonia
dos tristes, dos sem Deus, dos sem relevo...
Escrevendo-os, relembro os que morreram
de saudade, de dor... e que sofreram
de um lar feliz o fel do descaminho.
Vêm da alma e coração dos desolados
que imploraram aos Céus, desesperados,
a farsa miserável de um carinho!
Do livro: "Iluminuras
da tarde", Ed. Blocos, 2001, RJ