para Orides Fontela
1
asa temporã
palavra indelével
sombra devassa
lunático sonho
na memória
que não há
...
nove anos
no castelo
das meninas
prostitutas andanças
no silencioso coração
...
seios imensos
sangram
o desvario
da inútil poesia
a vida
no rés do chão
...
urgência
das letras
forma disforme das bocas
2
disfarçar
o vive
expressão burguesa
dentro do sutil
encontro
...
cheiros de história
sábia
lição de não aprender
as mesmas linguagens
as outras chances
de esquecer
e
morrer
...
sem nexo
os prazeres da boca
silenciam o caminho
das frases
...
e tosse e tosse e tosse
no limiar
da imagem
por cair
tosse tosse tosse
poesia e vida
competência e falência
e e
e
inclinação
de regras
cegas
longa tessitura
encarcerado fantasma
da glória
vôo póstumo
provisória cama
das batalhas perdidas
3
após cada badalada
o espírito
repete
(os sinos dobram)
o que foi
o que é
o que será
será que foi o que é
ou
é assim
o que foi
em tudo que será?
...
poeta
o céu aberto
arguta cor
da amarga
solidão
foi a obra prima
escrita
no cansaço
no fracasso
no desconforto
dos dias
...
a tosse filosófica tosse
a guerreira morta
é a cegueira
dos olhos vivos
a guerreira solta
será a safra
do luxo colhido
...
às nove horas
do primeiro
e derradeiro
galope
...
inocente é a pressa
que (des)conhece
pelos nove ventos
a intimidade
miúda da beleza