Posso abrir o berreiro
Posso abrir o portão da fazenda
Posso mugir e dar com as patas
Mas eu fico no cercado
Sou uma vaca de família
Sou a mimosa filha
A caçula bem novilha
O meu mundo é o cerrado
Lá fora eu tenho medo
Se bate os chifres contra o muro
E os burros dão na água
Tem bandido e açougueiro
Couro curtido e churrasqueira
E até mula empacada
Tem rei do gado, tem rodeio
Festa do peão e boiadeiro
E até farra do boi
Tem o boi da cara preta
Que pode me pegar
A sua carranca é de assustar
E ainda tem conluio com o capeta
Então, eu nunca vejo
Boi-bumbá, bumba-meu-boi
Boi-tatá, boi-de-mamão
Não conheço o vilarejo
Com o rabo entre as pernas
Não saio do quadrado
Nem namoro no portão
Não como flor de acácias
Nem ando na coleira
Não uso focinheira
Como escrava Anastácia
Sou bem comportada
Por isso tenho regalias
Sou uma vaca de família
Não entro na folia