Na minha terra tudo é do seu jeito
Pra todo prejudicado tem um sujeito
Que foge
Pra toda intriga tem uma arma
E toda morte um anjo da guarda
Que dorme
Pra toda desgraça tem a cachaça
Dizem que é um santo remédio
E mata
Aos perdidos tem sinais de fumaça
Dos incêndios nos prédios
E placas
Todo chinelo arrebentado tem um pé torto
Uma boa cova pra cada morto
De fome
Todos tem sua cara metade
Nalgum cemitério da cidade
Com flores
Pra toda corda tem um pescoço
E todo cachorro magro roe um osso
De gente
Pra todo dedo tem bicho-de-pé
Aqui toda bailarina tem chulé
Que até a platéia sente