Não vou senão pintar as flores
desgastando os olhos
de transeuntes desusados
Flores concebidas
na ausência de um qualquer
Saudade & Continuação
mísera
mensura da aflição
Jurar nunca mais crer
Não fazer alusões a ninguém
especialmente ninguéns muito bem
definidos de indefinição
Porque dentro de mim: o poço
a ausência do fundo:
ilusão dos pés
E nem se fazem necessários pés
quando não há mais chão
não há repouso exceto
pelo desalento
suspensão no ar
durante a queda
Enquanto não suporto a luz do sol
num dia triste
porque a vida é bela lá fora
e eu tento ser mesmo sabendo
que entre os seres a distância existe
Me ninguenizo antes do sol se pôr
mas sobrevivo à poluição dos dias
insensível à rigidez do chão
indiferente às nuvens