Leve, qual folha ao vento, a esvoaçar incerta,
Tonta de luz e aroma — aérea bailarina —
A borboleta à flor, terníssima, se inclina,
Irmã levando à irmã de casto beijo a oferta.
Em seguida, bizarra — alégera bonina,—
Ziguezagueia no alto, afoita, esquiva, esperta;
Dir-se-á vela de pluma, airosa, à brisa aberta,
Vogando em mar azul, que a mansidão domina.
Pousa incauta no brejo, e as trêmulas antenas
Ergue, para chamar de longe as companheiras,
Que, solícitas, logo a cercam às centenas.
E o bando, ao sol, expondo as cores todas, — lindo!
Parece um estendal de tintas feiticeiras
Das entranhas hostis do pântano saindo.
Edmundo Antunes
Enviado por: Diógenes Pereira de Araújo