Palavras apenas nomeiam a emoção
se penso em Shakespeare e rosas
números não me seduzem, nada mesmo
a elegância firme no Homem é o que me toma
como deitar em campo bíblico onde o pasto não se polui
a escuridão que temia em criança é o poço
da Criação
morada da água que mata a sede do viajante
e da vaidade, cascalho da alma
é preciso ter braços fortes, músculos disciplinados
e ouvidos bem treinados na sonoridade dos elementos
para poder separar o sangue da água
o aprendizado é lento e nada original
mas não há caminho de volta para as tranças de
Rapunzel
recorro à abóbora de Cinderela, à fada e ao talismã
lanço os dados apostando nos raios de sol
e abro as gavetas da cômoda
buscando a emoção que guardei entre as blusas de algodão
na intuição que algum dia
cavalos brancos dançariam no arco-íris do cristal.