Mentimos a nós mesmos, embuçados
nessas mágoas irreais em que vivemos.
Mas, somos, a fingir esses extremos,
os maiores dos homens torturados.
Carregamos as dores e os pecados
dos homens; e por eles nós ardemos
em esperanças e êxtases supremos,
com todos os sentidos exaltados.
Tristes de nós que vamos, nos caminhos,
chorando as almas das torturas presas,
pondo as alheias dores em canções...
Mas, sangrando a nossa alma nos espinhos,
fazendo nossas todas as tristezas,
alegramos os tristes corações.
Rodrigues de Abreu
(Publicado no “O Município”, de 19.12.1920)
Enviado por: Diógenes Pereira de Araújo