Bastou para eu amá-las isto apenas:
Uma tarde chegando ao meu recanto
Deram momentos de alegria e encanto,
Calor de ninhos, maciez de penas...
E homem de fel, tornei-me bom e santo!
Charco imundo, coalhei-me de açucenas
— Só por elas, sem pejo e sem espanto,
A mim baixarem do alto céu serenas.
E do alto céu sereno elas trouxeram
Todo o mundo vibrante das cantigas
Dos que hoje gozam e que já sofreram,
Povoando do meu ser a soledade,
Vivendo nele, eternamente amigas,
Na perpétua presença da saudade.
Rodrigues de Abreu
(Publicado no “O Município”, em 30.05.1920)
Enviado por: Diógenes Pereira de Araújo