Que tarde triste! Como está chovendo
neste começo lúgubre de outono.
Por onde volvo o olhar, sempre desvendo
a cinza, o pó do derradeiro sono.
A gelidez amorfa do abandono
já se aproxima, qual fantasma horrendo.
E, a distanciar-se mais e mais, vou vendo
o lírico ideal, de que fui dono...
Somente agora sinto ao meu alcance
toda a ironia de Anatole France
quando, com sereníssima piedade,
almejava que a pobre espécie humana
nascesse velha para, alegre e ufana,
morrer no resplendor da mocidade!
Sebastião Siqueira
Enviado por: Diógenes Pereira de Araújo