Erros, palavras,
o desterro da paixão,
não há negar, perdi.
Meu jogo é, hoje,
reduzir ao minuto
o que a eternidade
não pode conter.
Contento-me em contendas,
sonoro deserto,
devolvo em palavras inúteis
o que não sei dizer.
Só sei que amanhã será manhã,
de novo, e eu tenho as mãos frias,
toco a tua pele, nu universo.
Palavras voam longe, ecoam
na amplidão da seara
que não plantei.
O meu caminho era nada,
e milagres.
Vaguei, errei, achei e me vi só.
No centro da cidade,
nada me seduz,
o café, as letras no cinema, os livros,
o país, nem sei,
caminho solto.
Sou lento, sou leito, sou fruta,
madura no corpo um negro sol.
Me espalho no vento, p'ra depois.
A voz que clamar será no meu deserto,
lá longe, lá perto, lá música,
lá bem.