Não te assustes com minhas palavras
rubras
nem com a voz ainda rouca deste passo
roto e esparso - a luta pouca, sem começo.
Vejo a cidade, olhos que pedem, descompasso,
fome. Não te sangrem as minhas
frases rasas,
o meu grito jamais lançado ao
muro, o meu
gemido escuro, escuso, escondido, covarde.
Não te comovam minhas mãos
tão limpas, lisas:
elas vazam porque vãs - que elas
não dizem.
E nem um gesto meu te alucine - retido
movimento
na vontade amarga, fraca, servil e só.
Quantas verdades salvariam outras vidas,
se minhas palavras de vidas as armassem?
Se as minhas frases alçassem
a liberdade?
Se eu gritasse com as mãos, gestos
e dádivas?
E desse a minha fome, os olhos certos,
o meu sossego ido, a voz, a alma, a
vida?
Lilia Chaves
Enviado por: Rosy
Feros