Tatuado o corpo de nomes feios,
de orfandades, desatinos, desfila
pelo salão deserto, e traz nos seios
um par de incestos em véspera e argila.
No arco dos olhos brilha um céu desfeito
e um lago sem fundo e uma lua tanta,,
que é possível ver a alba no seu leito
todas as vezes em que se levanta.
Seu corpo floresce, é sempre um quando
de espera e luz, de fel e dor tamanha,
que o esquecimento a vai dilapidando.
Ela se acende, no entanto, e amanha
um caos de verbos, auroras em bando,
que cegam a moldura onde se entranha.
Iacyr Anderson Freitas
Do livro: "Mirante", Edições D'Lira, 1999, MG