Descansa comigo
sobre a folhagem nova!
Tenho frutas maduras, castanhas assadas,
fartura de queijo.
Ao longe um telhado fumega.
Nem de arbustos e tamarindos
os poetas se fazem.
É certo que assim verdejam
mas também em cinza se convertem.
Elevemos o canto: falemos da grande ordem,
da totalidade das coisas,
dos anéis de Saturno
do menino que há pouco nasceu.
Os meses correm:
úmdio mel destilam os carvalhos
heras vicejam entre nardos
vermelhos pendem de espinhais incultos.
As Parcas os seus fusos correm
e a lã não mais imitará
a cor:
o próprio carneiro, no prado,
transformará seu velo em púrpura
ou dourado açafrão;
já dispensam foices as videiras.
Alcêmo-nos para as grandes honrarias!
Um século há de vir em que o
alento
torne o mundo poesia.
Maria Lúcia Dal Farra