A cidade grande morre de frio
e a chuva não lava os rostos
de seus negros
A cidade brilha nas paredes molhadas
e à noite
homens passam correndo
nas esquinas
sem nome
Um gato se enrosca no jornal velho
e o asfalto treme
à passagem do subway
Nas ruas, muros
nos letreiros, luzes
nas vitrinas, cifras
nas calçadas, povo
mas tudo tão frio
na cidade
Belas moças que passais
por que não vos importais
com o frio que está fazendo?
Jovem loura distraída
por que é duro o vosso olhar?
Rostos, muitos
gente, pouca
nas ruas de Nova Iorque.
Mauro Salles
Do livro: "O gesto", Editora Massao Ohno, 1993", SP
Enviado por: Fernando Tanajura Menezes