Eu o sinto...
Meu coração separado de minha alma, amarga...
Como os olhos azuis de Thati - minha gata -
E companheira...
Pede o céu estrelado e livre, e a estrada...
Indomável, selvagem
Como eu me sinto
Carrego tristezas e elas me perseguem
E as paredes triangulares de minha tenda:
—Não saia, não vá, pois seu passado mora aqui
E teus costumes... e teus amores...tua Hungria...
E no entanto esse passado me destrói, sinto-o.
E o teu pai ? - eu me dizia - tão forte!
Esse sangue de minhas veias é forte...
Meu sangue cigano corre pela estrada-rota-livre
Quero carregar o ouro puro e maleável para depositá-lo
em brincos-argolas em minha amada
Essa força chama-me.
E tua mãe?- eu me perguntava – tão bela
E sua força de viver, sua sabedoria?
E a ternura e os seus carinhos? e seus beijos !
Eu procuro outros, sequiosos, beijos voluptuosos
A lua solitária pede companhia
Ela corre o infinito
Assim como eu?
O' paixão ... eu te quero...
O' sim, eu a perseguirei
O meu futuro...
Corto, como o vento fortíssimo, tudo aquilo
que me liga ao passado
dolorido,
Destino magoado, sofrido, igual
medonho...
Não me virarei para ver a dor
estampada
nas faces outras, doloridas...
Ficou para trás
pingos de sangue
e mil razões
Até que as estrelas se apaguem
nas paragens do poente
outras sensações despontarão
em lugares sonhados ou não?
Eu parto, não olharei para trás
Eu não me dilacero mais
É suficiente
Até que haja neve em seus cabelos
Amada desconhecida...
Trago-te a brisa terrível de março
E as sensuais-sensações...
Quando me ensinarás os descaminhos
Os desvarios das loucuras novas
E t'as ofereço...
Argola-de-ouro
Meu futuro
Perdição-cigana...