Caminho entre acácias, papiros,
ébanos orientais, ciprestes e alfarrobeiras.
Admiro a beleza dos falcões, águias,
cotovias e poupas.
Percorro o leito do Nilo
montada em meu camelo alado
em busca de fertilidade,
não é época das cheias.
Minha taça está vazia,
preciso receber para dar,
sem trocas não semeio tâmaras.
Voamos até às pirâmides de Gizeh.
Nos túmulos de Queóps, Quéfren e Miquerinos
não encontramos a taça para me conceber.
Ela está distante das belezas de Imhotep.
Procuro o objeto de ouro
nas ruínas de Mênfis, no Colosso de Mêmnon
e continuo de mãos abanando
sem dividir, multiplicar, subtrair e somar.
Monto novamente no animal beduíno,
minha taça ferve com o sol quente do deserto.
Tenho miragens, tenho sede
e não tenho água para beber.
Mato minha sede no oásis.
Estou perto de minha fragilidade
e não alcanço a fertilidade.
Sou uma escrava carregando pedras,
construindo tumbas e túmulos.
Estou delirando com a miragem.
Parto com meu corcunda para
a terra dos cedros, pinheiros e carvalhos
com destino à bacia do Eufrates.
Sobrevoamos Damasco, Homs, Alepo,
as águas do Orontes, Baradá e Eufrates.
Eu e meu camelo alado,
cansados e frágeis de procurar,
avistamos-te nos Montes Líbanos.
Estavas a me esperar
segurando firme nas mãos
a taça transbordando fertilidade.
Colhemos frutos e semeamos tâmaras.