Felicidade.
Como é? Qual a verdade?
É pontual? Se espalha?
Individual? Coletiva?
Sutil? Assertiva?
Sua substância: é corpo? alma?
É tumulto? É calma?
Qual é?
É aonde se chega?
Aonde se vai?
É parcela do tempo que passou,
mas não se esvai,
pois o estado de espírito gravou
o Paraíso Perdido, indelével memória?
Ou o sonho, o porvir? Expectativa de glória?
Planos de construção,
de pessoal êxito, ou de comunhão?
É o aqui e o agora?
Isso, creio que não.
Porque a Felicidade é, com certeza,
perfeita.
A não ser que a própria imperfeição
se tome por perfeita.
Mas isto é distorção!
Pois Felicidade é o que se busca.
Projeto de contornos ausente.
Sem alcançar, alcançando...
Uma idéia, esperando a descoberta,
atrás ou à frente,
do Divino,
que, como é, não sabemos.
O que não imaginamos,
queremos.
Criação divina, a coisa perfeita,
que só a mais elevado, o Tudo,
foi capaz de inventar.
E nós, vígeis, sempre à espreita!
Ela existe, em algum lugar,
na forma como não se pode imaginar.
E extasiados ficamos com a imaginação
daquilo cuja forma ignoramos.
Mas sabemos que existe,
e nada à Felicidade se iguala,
pois é sublime, plena.
Está lá, apenas nos espera encontrá-La,
serena.
Jamais A encontramos,
ainda...
Mas um dia lá estaremos.
Talvez em breve,
relativamente.
Esplendorosa,
a contemplá-La e a sorvê-La ficaremos.
Bem vinda!
Com certeza,
sentada aguarda a gente.
Sentada em seu trono,
Soberana Rosa,
com as vestes do mais macio cetim
irradiando a luz maviosa que os espaços todos inunda,
sem fim.
E com nobreza e paz oculta o rosto,
para nós ainda vago,
ainda mistério para nós...
Sob o digno véu está posto!
Rosto que encerra a Verdade,
magnífica Beldade!
Senhora da forma que não conhecemos.
Felicidade, só o Espírito Brilhante
é capaz de moldar tal semblante!
Está lá, esperando ser descoberta.
Nos dará a suprema surpresa,
na hora certa!
Certeza temos de que lá está.
E a reconheceremos quando a avistarmos.
(Será?)
É só aguardarmos.
O único empecilho
é não nos terem indicado a estrada.
Amuar?
Que nada!
O mapa uma hora chegará.
E então marcharemos,
vitoriosos e radiantes!
De que a Felicidade ali estará,
confiantes!
E gentil e hospitaleira
em seu regaço nos receberá!
Divino milagre do absoluto abraço!
Ou será que quando chegarmos,
ao nos ver,
a Felicidade, marota,
de nós há de correr?