Enquanto a chuva cai,
dos póros de meu peito escorrem
cristais de granizo
que deslizam até os pés,
amolecendo em pilares de cera com gotas chovidas
E dói o percurso...
A chuva me lembra um arsenal de invasores;
mas um frescor dadivoso, também ela lembra.
Transformada em um e em outro,
algo é gasto na passagem,
que arranha
O burburinho dos pingos da chuva
é travesseiro de penas
acariciando poroso os ouvidos,
mensagem soprada ao repouso divino
Temperamental,
o raio da chuva é efusão,
ou é medo!
Burburinho e trovão,
aí, são distintas suas naturezas.
Deuses adultos do Olimpo,
cada qual assim reentranha o peito,
sem transformação.
Velena Moreira