Filho da seca que cruel decanta
de tempo em tempo, na terra angustiada.
Da mesma plaga feita de invernada,
sou filho pródigo do sertão que canta.
Filho da TERRA... desta terra ingrata
em que compus meus versos de agonia;
hei de dizer a geração de um dia:
— sou filho ufano desta verde mata!
Meu povo forte já desfeito em pranto,
vítima da sorte, do fatal desterro,
buscava a vida noutra terra. E quanto...
não lhe custava no passado incerto
seguir sem rumo... como num enterro
conduzem o esquife sob céu aberto.
Edilson Santana
Do livro: "Fragmentos da vida", ABC Editora, 2000, CE