Uma dor caminha
com a multidão, nas ruas.
Escorre lenta
no cigarro entre dedos
da mão que se projeta
da varanda-abismo
e bóia no espaço.
Uma dor que se demora
na sombra em carrossel
dos girassóis
e no sol anônimo
que devora o sono
dos mendigos na praça.
Se alastra
por olhares dispersivos
na estação, na praia;
em pertences miúdos
no fundo do armário abandonados.
Grassa na literatura
e se recria, a dor.
Está no passo do bêbado, que avança
pela assimetria do mundo
misturado ao trânsito das três da tarde.
Contemporânea. Absoluta.