Vem com o silêncio vertical do homem,
ínfera, subterrânea, cruel que não tem nome.
Reconheço-a quando vou pela tarde
e a luz crepuscular derrama
sobre o outro seu vermelho alquímico.
Esplendor seu rosto, transfiguração;
algo em mim a desejou para contemplação,
difusa e transitória. Desisti de ser feliz.
Confrangem-me o coração os seus abismos,
inferno adrede a irromper
nos túneis de nossa precária condição.
Luz que nos sevicia para a morte,
insetos éticos, miméticos.
Lá é o pórtico da danação.
Dando de topo com seu destino,
ali foi onde Eros se perdeu.
Erorci Santana
Do livro: "Concertos para rancor", João Scortecci Editora, 1993, SP