Êxtase de beijos,
feito caniço, existo
pra ganhar carinho do vento.
Teu sopro varre meus pêlos,
sou lânguidas folhas eriçadas.
Construímos geometria sem retas,
pra mãos em conchas
descobrirem os caminhos da pele.
Nossa orquestra afina ritmos
no pulsar de cada músculo.
Meu corpo tronco balança,
tranço minhas pernas,
meus braços tensos saltam
em tua nuca, danço, faço música.
Em dueto virtuoso
viro lacuna de mim,
repleta de tua melodia.
Tento não sucumbir
quando tocas meu corpo- platéia.
Vergo às notas da paixão:
sou frágil corda sinuosa
ao compasso do tempo.
Bambu nascido pra compor
canção amorosa,
em parceria com o vento.