Palavras.
Por que tantas, se na maioria das vezes, são insensatas?
Por que os homens tanto falam
E falam de tanto,
Que nem sabem o que dizem
Ou por que dizem?
Imagina só se todos pensassem antes de cuspir palavras.
Quanta economia de tempo, de ouvidos e de palavras, claro!
A nossa sorte é o silêncio, felizmente, não sabe
falar.
Se soubesse, meu Deus!
Nada mais bem inventado do que o um minuto de silêncio.
O problema é que todos ficam contando o tempo.
Falam para si próprios:
59 segundos, 58,57, 4, 3, 2, 1.
E aí: Sabe, estive pensando...
As palavras não se calam nem quando a boca se fecha.
Que pena!
Deveriam inventar a hora do silêncio.
Todos os dias, durante uma hora: silêncio.
O problema é que aí o país dormiria por uma hora,
E então, quando acordasse...
Sabe, sonhei com o seguinte...
E, por falar em palavras demais, recolho minha língua.
Mas a língua do cérebro...
Nessa, ninguém dá mesmo jeito.
E quanta besteira ela pensa.
E a língua, ah! maldita língua, faz questão de
tagarelar tudo.
Então, o jeito, seria colocar um filtro na língua,
O problema é que aí o mundo seria um chatíssimo
monólogo.
Um monólogo sobre si mesmo.
Então, o problema não é a língua,
Mas o cérebro, que não pensa.
Fala, enquanto deveria calar-se;
Fofoca, enquanto deveria refletir,
E pior, escuta, quando deveria tapar os ouvidos.
Ah! mundo fraseado,
Ouvidos passivos,
Papéis passivos,
Telas passivas,
Bocas demais,
Desocupadas demais.
As língua escutam os cérebros,
Que acordam os ouvidos,
Que ouvem as línguas,
Que cospem na TV,
Que falam para os olhos,
Que lêem os jornais,
Que dão idéias para os cérebros,
Que falam para as línguas,
Que cospem nas rádios,
Que dizem para os ouvidos,
Que um dia ouviram:
“O silêncio, certo de que nunca falaria, matou-se.”