Começa o inverno, mas o outono ainda
prevalece no nosso calendário.
Estréio a minha blusa quente e linda
para ler um poema de Olegário.
Reentro no meu mundo imaginário
(que a minha ânsia de sonhar não finda).
Ali tudo é pomposo e não precário,
é a própria vida de outros planos vinda.
Vou beber o poema numa taça
onde só os poetas são servidos
pelas mãos de dois deuses e um arcano.
Avbe as rimas de amor cheias de graça
que me embalam na rede dos sentidos
e provém de Olegário Mariano.
Elisa Barreto
Do livro: "Elisa Barreto poesia", Ed. autora, 1999, SP