Os lábios sempre mudos
Guardam-te mais uma vez
Como relatar ao mundo
O desassossego do teu nome
Que crepita em minha boca?
Os olhos, em afago velado
Retêm docemente tua fotografia
Escorres incógnito, em perene sigilo
Na inquietude dos meus olhares
Que te buscam cativos sem te terem
As mãos em tremor ocultam-se
Disfarçam-te, quando me tocas o pensar
Furor insano que me enlaça o corpo.
Em gestos resignados, adormeço-te
Calando meus braços que te sonham
O coração pulsa-te em notas silentes
Manando prelúdios que te contemplam
Sem que te possam musicar ao universo
Esvaio teus sons em partituras em branco
Que o vento desfolha, perfumando o silêncio
Fernanda Guimarães