Lâmpada erguida, pequenina, nua,
Lá fora misturam-se ruídos.
Esgueiro-me feito cola, ácida.
Rodas de bilha roçando pedras
Húmidas; vento bailando folhas,
O lume do pensamento exato.
Um blues, a garrafa aberta,
Cortes de memória repletos indo e vindo
Projetados no branco, voláteis.
Vontade de contornar a noite
E debato-me pelo seu abraço.
Depois, vencido, tomba o rosto
Milhares de vezes tombado
Lentamente, em cada cena real
Acordando em cada uma delas,
Recomeçando, renascendo uma vez mais
Como quem se lava n'água fria,
Como quem a alma batiza.
Elaine Pauvolid