I – MONODRAMA
Respeitar
o soar agudo
da hora
exercícios anfíbios
o chão sujo
de branco convida
o eremita
a silenciosos
desesperos
Não chores pelas flores
o perfume
será teu sustento
Até mesmo teu corpo
conversaria
com a luz
o estudo me fez espirituoso
dividiremos as sombras
II – MADRI
O campo todo escuro
grama verde
sussurra delicadezas
Estás pisando o solo de sangue
Veias feéricas
saltitantes crianças maltrapilhas
Ai ! só vejo a torre da igreja
Estás pisando o solo de sangue
Um encantamento antigo
mãos e pedra
ainda agora havia um sol vermelho !
Estás pisando o solo de sangue
Para que perambular pela vila ?
um copo de vinho branco
Para que se matar no velho porto ?
Estás pisando o solo de sangue,
III – PAX ROMANA
Tu, deitada no templo, decifrando as
escuras pilastras da casa, ouve
minhas palavras metálicas. Ainda
hoje saborearei teu corpo, quer
m’ofereças, quer não. Jasmins
tenho em minha carroça para
impressionar teus gostos arrojados,
Serei um afável salteador, roubando-te
as mais pecaminosas
excitações cerebrais. Ainda hoje tu
te deitarás comigo no prado.
Afastemo-nos da cidade. Então
apresentar-te-ei vários elixires, temperos
raríssimos.
Os milênios serão nossos confessores.
IV – EMBOLADA
bolhas no riacho
vento em noite fria
névoa baixa
sono em pupilas pequenas
por que recusar o vinho ?
tão árdua é a víndima
estreito tapete de folhas
a inocência do musgo
enormes massas de ar amarelo
e morno entorpecem a saúde,
coisas rápidas entre os galhos
Oh verdes cepas ! Frutos e legumes bondosos,
grosseiros, gigantescos vegetais inocentes
Os filhotes de burro
dormem ao lado da
fogueira
finalmente os primeiros
raios do crepúsculo
Andityas Soares de Moura