Estou com muita saudade
de ter mãe,
pele vincada,
cabelos para trás,
os dedos cheios de nós,
tão velha,
quase podendo ser a mãe de Deus
— não fosse tão pecadora.
Mas esta velha sou eu,
minha mãe morreu moça,
os olhos cheios de brilho,
a cara cheia de susto.
Ó meu deus, pensava
que só de crianças se falava:
as órfãs.
Adélia Prado
Do livro: "Oráculos de Maio", Editora Siciliano,1999
Enviado por: Márcia Maia