Degrau a degrau
Degrau por degrau
Costuro o mundo
Tão igual.
Degrau encima de degrau,
Com meus estilhaços
Caídos.
Estabeleço minha medida de distância.
Degraus da escada jactante.
Que me compõe.
Escada de madeira corroída
Mas ainda firme,
Antiga,
Mas ainda cheia
de mistérios insolvidos.
Escada cuidadosamente entalhada
Escada na vida construída
Reúno as peças
Qual quebra cabeças
Ao qual sempre parece faltar uma peça
Até que a última se una à penúltima
Fazendo algum sentido.
Rolo a cabeça antes minha
Hoje — quem poderá afirmar a quem pertence?
Na escada.
Escorregadia
Assento o corrimão
Com as mãos
Aliso a mão
No corrimão da escada.
Aliso a vida ali empedrada.
Em pedra entalhada.
Tânia Machado