Eu, começando a escrever
Tantos erros por cometer
Tantos acertos por fazer
Quanta busca da verdade
Quanta certeza da felicidade
Quantas mulheres fingindo
Quantos amigos sumindo
Quantos cabelos tingindo
Quantos filhos sorrindo
Quantos destinos possíveis
Eu, começando a escrever...
Eu, começando a escrever
Quantas derrotas seguidas
Quantas partidas por vencer
Quanta poesia por ler
Quanta filosofia por saber
Quantas maldades a serem mortas
Quantas, para serem abertas, portas
Quantos beijos a dar
Quantos mergulhos no mar
Eu, começando a escrever
Quanta fertilidade na esterilidade
Quanta saudade inventada
Quanta dor na alma
Quanto gozo boêmio
Quanto copo sistêmico
Quanta comida bendita
Quanta gente vomita
Nessa minha atividade maldita
Nessa atividade minha abençoada
Eu, começando a escrever
Quantas vezes sozinhos
Quantas vezes em um muro
Quantas vezes vizinhos
Quantas vezes desnudos
Quantas vezes no limbo
Quantas vezes no escuro
Quantas vezes derretido
Quantas vezes quarto escuro
Quanto eu te amei, sempre inseguro
Eu, começando a escrever
Quantos vícios e quantas virtudes
Quantos risos tresloucados
Quantas poemas-memórias jorrando da
caneta amiúde
Em meu peito ficando marcados
Todas lágrimas do mundo
Tantos poemas perdidos
Na imensidão do mais profundo
No erro do computador que apagou
Meu melhor poema de amor
Eu, começando a escrever
Percebendo quantas vidas eu tive
Percebendo quantas vidas terei
Nas imaginações e no espírito
que vive
Na quantidade absurda que errei
Com um amigo morando no curral
Com um avô senador da república
Na realidade que pode ser vista lúdica
Na tragédia que se revela perfeita
no palavrão fazendo desfeita
Eu, começando a escrever
Viajando por matas e cidades
Penetrando o início e o fim de tarde
Cultivando todas possíveis amizades
Estudando o que gosto
Escutando o que posso
Rindo como um menino
Chorando como um poeta
Não seguindo nenhuma meta
A não ser a que não vai por
linha reta
Eu, começando a escrever
Tantos erros por cometer
Tantos acertos por fazer
Quanta busca da verdade
Quanta certeza da felicidade
Quantas mulheres fingindo
Quantos amigos sumindo
Quantos cabelos tingindo
Quantos filhos sorrindo
Quantos destinos possíveis
Eu, começando a escrever...
Eu, começando a escrever
Quantas derrotas seguidas
Quantos partidas por vencer
Quanta poesia por ler
Quanta filosofia por saber
Quantas maldades a serem mortas
Quantas, para serem abertas, portas
Quantos beijos a dar
Quantos mergulhos no mar
Eu, começando a escrever
Quanta fertilidade na esterilidade
Quanta saudade inventada
Quanta dor na alma
Quanto gozo boêmio
Quanto copo sistêmico
Quanta comida bendita
Quanta gente vomita
Nessa minha atividade maldita
Nessa atividade minha abençoada
Eu, começando a escrever
Quantos vícios e quantas virtudes
Quantos risos tresloucados
Quantas poemas-memórias jorrando da
caneta amiúde
Em meu peito ficando marcados
Todas lágrimas do mundo
Tantos poemas perdidos
Na imensidão do mais profundo
No erro do computador que apagou
Meu melhor poema de amor
Eu começando a escrever..
Helvídio Neto