19
A noite está quieta como um porco
morto.
(os tumultos do coração,
não)
23
A esperança, ah a esperança,
luz no porão iluminando ratos.
24
Um dia ainda hei de escrever poemas fundamentais
— como a pedra
fundamental, como a
lúgubre senhora magra
e as bússolas de pau com agulha de ferro
boiando no óleo
eterno.
Quando os anjos do apocalipse chegarem
quero estar sossegado de coração
e o cabelo penteado.
Antônio Brasileiro
Do livro: "A pura mentira", Philobiblion/Fund.Cult. do Est. da Bahia, 1984, BA