Vejo mãos que me folheiam
buscando-me a fisionia —
mas já passei, agora
sou apenas poesia.
Vejo rostos que me amam
tentando saber quem fui —
sou um retrato, miragem
que o tempo dilui.
Vejo braços que me acenam
chamando-me insistentemente —
pra que, se a folha que passa
passa tão de repente?
Antônio Brasileiro
Do livro: "A pura mentira", Philobiblion/Fund.Cult. do Est. da Bahia, 1984, BA