Perigo de flor que se insurge
contra o escuro, soletrando
lá longe do sol, as sílabas
da sua cor: insistindo em ver-me
( mas interrompendo a lição antes
que o tom, previsto pela palavra
se complete e fale, na face do espe)-
lho, que o olhar ainda não abriu.
Ela se faz morrer. A morte a
contornou. Luz aberta, durante
dias, ininterrupta lâmpada
gastando-se, sempre em frente
horas a fio, oração comendo
olhos, contas, a terra para qual
nenhuma água basta, nenhuma
estação perfuma — periga a flor.
Armando Freitas Filho
Do livro: "Fio Terra", Ed. Nova Fronteira, 2000,
RJ
Enviado por Márcia Maia