Terminal
O livro acaba com as folhas.
Com o acesso às flores. Sem pétala
sem a morte da marca da cor
do seu perfume entre as páginas.
Sem nódoa de fruto, sem sombra
manchando a capa, sem travo
de cica e arrepio de açúcar
que antes, as palavras arriscavam
ao ar livre, dia e noite.
Desentranhando o tronco
da árvore respiratória
com o corte da ligação das linhas
das vozes cruzadas nos caules
o vento pára nos vários ramais —
da copa à cicatriz da raiz —
e sem as soluções da paisagem
sem água nem terra, sem céu
e sol — sem o sereno da lua
o livro se encerra sem pássaros.
Armando Freitas Filho
Do livro: "Fio Terra", Ed. Nova Fronteira, 2000,
RJ
Enviado por: Márcia Maia
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