(Ode à Manuel Bandeira)
Academia Palmense de Letras-APAL
Falo do homem invisível, doente e ultra-sadio
Que construiu sua obra conciliando a existência
De um alto rigor técnico
E uma extrema liberdade, sem a livre vivência
Poeta menor/maior, ex-arquiteto, da “Libertinagem”
Se mostrou inquieto
Vivendo num itinerário de sonho
Da “Pasárgada” e risonho
Acordando o mundo com a “Estrela da manhã”
Impregnada de eternidade.
Mas, quando a “indesejada das gentes” enfim chegou
E a noite com seus sortilégios despontou
O poeta sorriu e a acompanhou devagar
Lembrando do substrato de sua ideação
Da essência de sua temática, invenção
De uma lisa e leve produção
Na comunicação de uma constelação
Pendurando a própria herança nos postes da vida
De um modernismo predatório, meritório
Bandeira “was born” e o poeta “was made”
Com “A Cinza das Horas” surgiu para o mundo
Mas ele sabia que “a vida é uma agitação
feroz
E sem finalidade”
Sabia que as palavras são as operárias anônimas
que nos fazem viver com mais acuidade.
E ele as usou até a viagem com a “iniludível”
Que veio enfim lhe buscar.