ALGO
 
 
    O que raras vezes a forma
     revela.
     O que, sem evidência, vive.
     O que a violeta sonha.
     O que o cristal contém
     Na sua primeira infância.

      Murilo Mendes

Algo é além. Ultrapassa a alma
o algarismo. É princeps e último.
E se precipita, implícito, sem halo
nódulo, ninguém, inominado
mas com brio, brilho de nebulosa
ânimo anônimo, não-numerado
posto que inumerável, no entanto
único, a irradiar-se do núcleo
somente no encalço do seu eco:
anel de agonia e glória, al

                                                      Armando Freitas Filho

Do livro: "Duplo cego", Nova Fronteira, 1997, RJ

 

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