Queria que o mundo fosse de sonho, embalado por músicas de ninar,
enrolado em pantufas de pelúcia e filó cheia de bordados.
Pra que a gente pudesse pegar,
acariciar,
sentir cheirinho de coisa boa,
dar um pouquinho da gente,
receber um pouquinho de carinho.
Que fossem apenas sussurros de fantasia,
mas que se tornassem paisagens de grandes histórias,
de personagens de heróis e donzelas de vestidos de chão.
Que de pés descalços, no máximo, sentisse as forças
que vêm da terra,
que sem cacos de vidro, meus pés pudessem sentir a liberdade
do caminho.
Que sentisse o cheiro da fruta, fresca no pé,
que de moleque, meus braços fossem pra alcançar o galho
mais distante.
Que pudesse sentir carência, sem ser piégas,
que pudesse pedir colo sem repreensão,
que mimos não fossem maus moldes,
que televisões não fossem diversões.
Que de livros fossem feitos os cidadãos,
que de pão seus corpos vivessem, porém com a necessária
fome de amar,
e que de fraqueza, os corpos caíssem prostrados diante da maravilha
de um toque.
E que de beleza, as almas se rendessem inevitavelmente ao nascer do
sol e ao cair da tarde.
E que de amor os corações se enfeitiçassem sem
medidas, porque veriam que esta é a única e única
forma de
ver o mundo diferente.
Do jeitinho que sempre quisemos....
Cheio de sonho, embalado por músicas de ninar,
enrolado em pantufas de pelúcia e filó cheia de bordados...
Pra que a gente pudesse pegar....
Márcia Cristina Rodrigues Pereira