O aroma do chá
é um rio passando.
Mas cá estamos em margens opostas
enquanto as águas nos desafiam.
Amada
a felicidade é insuportável:
o homem sabe.
Em suas órbitas
movem-se os corpos celestes
todas as noites e todos os dias
porém eu apenas durmo e desperto
e cada vez menos tenho sonhado.
O homem é só
por mais que se mescle
a outro ser.
Divide sua cama
mas não é verdade:
não se compartilham sonhos.
Senta-se à mesa com o outro
e não é verdade:
o fruto que reparte
permanece inteiro
desde a faca.
Amada
como nunca fui feliz
temo a felicidade.
Elizabeth Hazin
Do Livro: "O Arqueiro e a Lua", FUNDARPE/Companhia Editora
de Pernambuco, 1994, PE
Enviado por: Márcia Maia