a Camille Claudel
Quem modela a vida
— se tudo é forma
e belo
como flui o Sena — ?
Olha quanto é duro o mármore
e quebradiço
mas teu cinzel
sob o martelo o dobra
— é teu feitiço —
revelando mistérios lá fincados.
Quantas vezes olhaste o rio
em frente à tua casa
e em que pensavas
rebelde menina apaixonada
pelo Amor?
Esqueceste que não se molda o Amor:
sua matéria é
vil
sua matéria é
o nada.
Mas não estás só.
De certa forma
enlouquecemos todos
em asilos
em exílios
em idílios.
Somos todos loucos
não tu só
com teus olhos azuis escancarados
olhando-nos do lado avesso do vidro
— tolo artifício
—
não existe abrigo
contra a luz da loucura.
Deixa queimar
até os ossos
(e não será tudo mesmo
reduzido a cinzas?)
Deixa arder fundo
pois só essa brasa
— que nos traz a morte —
nos ilumina.
Elizabeth Hazin
Enviado por: Márcia Maia