Elizabeth Hazin
Eu faço a minha linguagem
— são minhas só as palavras? —
complico idéias tão claras
risco a pele — tatuagem —
de meu corpo. Essa paisagem
tom jeito de cantiga
cresce sobe e se desliga
do que eu jogo em solidão.
Mesmo assim não abro mão:
JOGO O JOGO DESSA VIDA.
E se a cantiga se cala?
— mas são as palavras minhas? —
e se a tatuagem — sina —
desse meu corpo se apaga?
O enigma não se aclara
se a voz se faz mais forte
comprida idéia a da morte
crescendo em minha cabeça
e o jogo assim recomeça
SEJA DE AZAR OU DE SORTE.
Pois o jogo me fascina
enquanto jogo ele é
o parceiro que vier
derrubar essa menina
de jogar nunca termina
pois haverá sempre troco.
Entra — se quer — nesse fogo
coisa alguma me detém
e apesar de jogar bem
JOGO APENAS PELO JOGO.
Haveria outra razão?
Música antes de tudo
disse um poeta e está mudo
jogo os meus sonhos no chão.
E se canto uma canção
— um corte dentro do corte —
é que me faço de forte.
Dou as cartas lanço o dado
movo as peças com cuidado
ENQUANTO NÃO VEM A MORTE.
Elizabeth Hazin
Enviado por: Márcia Maia