O sonho tornou-se realidade, nos anos 50.
Vestida de azul e branco, com o mundo aos meus pés.
Sorria quando devia chorar e chorava diante de um amor.
Amava o sol, a luz e as noites frias de inverno.
Conversava com as estrelas e confidenciava com a lua cheia.
A linha do horizonte era minha referência, quando desejava morrer.
Morrer... por um flerte perdido, pela traição de uma
colega,
Pela exigência de meus pais.
Mas o tempo irá correr e um dia eu serei mulher.
Mulher daquele que às vezes, bem escondidinho
Trocava palavras de amor e somente carícias.
Era um arrepio só, quando seus dedos tocavam nos meus,
Quando seu olhar cravava no meu peito o desejo de amar.
Suas cartas eram eloqüentes, sonhadoras e apaixonadas.
Esperei pela liberdade, mas ela tardou muito.
Esperei pela sua paixão todos os anos de minha vida.
A vida passou, os anos passaram, as cartas escassearam,
Ele não veio, eu não o vi mais, a solidão foi
a única que restou.
Eu estou a esperá-lo para lhe entregar aquele colar de pérolas
Que me enfeitou quando dançamos a valsa vienense.
A valsa do amor, do encantamento e da incerteza.
Hoje só resta a saudade.
Adeus, amor.
Marly de Castro Neves