a Dieter Asmus
1
eis que nada põe
a plaina das horas
revôo que evola
dardos ao sol
2
que ironia a milhagem
em porções detalhadas
de fótons macios
e letras de esponja
3
apenas córtex
manhãs molhadas
que as tenda ou
aponte entalado
4
ou pense o
quanto dói
não ser coisa
alguma
5
não basta ser zéfiro
num céu exato
de um lado ao outro
retinir-se
6
a um passo assim
contar silêncios
que a tudo cifram
7
pior que seja
ou ainda quanto
me sinta eterno
de espaldar –
bordado
8
ora à noite
qual o ocaso?
dito um dia
que se trunca
9
por que rajadas
no primeiro corte?
o barulho desse
mau terror?
10
seria bom se
não comesse
antes
o que fui
depois
11
primeiro a fresta
do que voa
nos umbrais
da nuca
12
sem saber se
diz a nova
que se espalha
13
utra vez
me enlaç
e mex
em tud
14
alvura em que
não toco um
grito de bem
poucos
15
langor que arrisco
e um pouco louvo
rubor branco em
que me enrosco
16
a menos que
eu hesite
nesse quarto
sempre vasto
17
: o que fazer
com um talho
assim tão long
dos joelhos?
18
tudo é falso
e repetível: a
blindagem das
patinhas nalg
um ponto d
prepúcio
19
nem agora ne
m depois d
e tanto temp
20
será esse
ó cadela
o nada
palatável?
Jorge Lúcio Campos
Do livro: "À Maneira Negra", Sette Letras, 1997, RJ