BR-116
Uns tapam buracos no asfalto
e param. Postes,
estátuas macabras
esperam trocados:
a sorte.
Outros vendem frutas
no atraso das lombadas.
Uns atacam vidros fechados
e gritam. Vozes
vedadas, lentas,
esmolam sobras,
com sorte.
Outra, prostituta
no anoitecer da estrada.
Estrias do maltrato:
traços da miséria
sobre o corpo nu.
Cortes.
Todos tristes trapos
cicatrizes de viagem,
rugas tímidas de vida,
recados tétricos da morte.
Todos
– um país –
trocados da sorte.
Frederico Barbosa
Do livro: "Contracorrente", Ed. Iluminuras, 2000,.SP
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