o que há em mim não há
julgo-te pelos calcanhares
e mostro meu podre infinito
a todos que tentam me ignorar
decifro e dilacero com meus olhares
que fazem de mim mais bonito
sou o que sou aqui e acolá
em meu já e em todos os meus avatares
estou aqui, porém inexisto
sou atlântida, a pedra angular
o chip invisível, todos os lugares
sou mephisto e cristo
um nada, como o ar
sou números pares e ímpares
e, de uma vez só, sou bem e mal quisto
sou o inferno do gelo polar
sou o céu trazendo os raios solares
eu sou o que engulo e o que vomito
sou também o beabá
sou as ruas e os lares
e tudo o que faço, repito
durante todo o tempo que existirmos
Rodrigo Busnardo