Que é desse amor todo,
que sinto agora,
que tiro um sorriso
do lábio que me amola...
Que é desse desenho de beijo,
que, ideal, põe sal no desejo,
que tiro um sussurro
do que antes à voz era obscuro...
Que é disso tudo,
que enlouquece a ambos,
que tiro um soneto
da sombra que clareamos...
Que é de quase nada
que tiro o que espero,
que acaricia a insônia,
do que antes foi berro...
Que é dessa vontade inocente,
que sinto agora,
que tiro o silêncio
da lucidez que me devora...
Que é disso tudo,
que entristece a alma,
que tiro a alegria
de um poeta entregue ao destino...
Bruno Ramalho
Do livro: "A penúltima coisa que se faz", Ed. autor, 1999, MG