Do ventre à  vida

        A maior aventura é vir ao mundo.
        Fui gerada com rejeição, num ato amoroso,
        com desejos de vingança e fome da carne.
        Assim eu mergulhava naquele líquido pegajoso.
        Mergulho de vida e de morte.
        Eu era a vítima apenas do desejo,
        desejo indesejado, desejo sem querer.
        Aos pontapés e socos eu ia vivendo.(naquela incubadeira)
        Os meses se descortinavam sem luz,
        mas eu queria vir à luta, queria vida.
        O sol, as estrelas, o mar, a terra,
        não me sufocavam, apenas me queriam.
        Fui expelida como um projétil em forma de gente.
        Era grande o meu desejo de ser recepcionada
        por todos  que não me desejavam.
       Cheguei sem alardes, sem choros, sem lágrimas,
       mas oprimida..
       O mundo se abriu, era o abre alas da vida;
       eu contive lágrimas, choros e medos.
       Vivi, vejam, nasci, marquei meu espaço,
       e meus sinais foram se registrando

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